Doutorado: Variabilidade de fluxos superfície-atmosfera de calor, água e CO2 em área de Mata Atlântica e Cerrado no estado de São Paulo, Brasil

Data

Horário de início

14:00

Local

Auditório ADM 210/211 (Defesas) – IAG/USP (Rua do Matão, 1226 - Cidade Universitária)

Defesa de tese de doutorado
Aluno: Lucas Fernando Carvalho da Conceição
Programa: Meteorologia
Título: “Variabilidade de fluxos superfície-atmosfera de calor, água e CO2 em área de Mata Atlântica e Cerrado no estado de São Paulo, Brasil”
Orientador: Prof. Dr. Ricardo de Camargo – IAG/USP

Comissão Julgadora

  1. Prof. Dr. Humberto Ribeiro da Rocha - IAG/USP
  2. Dr. Osvaldo Machado Rodrigues Cabral – EMBRAPA - por videoconferência
  3. Profa. Dra. Laura de Simone Borma - INPE - por videoconferência
  4. Dr. Celso von Randow – INPE - por videoconferência
  5. Dr. Luis Marcelo de Mattos Zeri – CEMADEN - por videoconferência

 
Resumo

Este estudo investigou os fluxos superfície- atmosfera de calor, água e CO2 em áreas de floresta nebular de Mata atlântica (SVG, Núcleo Santa Virginia, Pq Est. Serra do Mar) e Cerrado denso (PEG, Gleba Pé de gigante, SRitaPQuatro) no estado de SP, utilizando um conjunto de medições automáticas de campo no longo prazo, e modelos de processos biofísicos para preenchimento de falhas, e analisou a variabilidade diurna, sazonal e interanual dos padrões microclimáticos, da partição de energia e do balanço de CO2. A média de temperatura do ar e precipitação nos sítios é de 22,5 ºC e 1300 mm/a no PEG e 16,0 ºC e 2200 mm/a no SVG, portanto áreas diferencialmente úmidas e frias, distantes de ≃ 300 km. As diferenças do balanço de energia entre as áreas foram definidas pela energia radiativa disponível e pela sazonalidade do clima e da vegetação. O saldo de radiação Rn foi 142 W/m2 no PEG, superior a 107 W/m2 na SVG, e proporcionalmente na evapotranspiração ET e fluxo de calor sensível H, de 3.4 mm/d e 52 W/m2, comparadas com 2.9 mm/d e 29 W/m2, respectivamente. Apesar da ET superior no PEG, a fração evaporativa FE = LE/Rn foi maior no SVG de 0.74, e 0.65 no PEG. Coerentemente, a média da razão de Bowen (β=H/LE) foi maior no PEG de 0.53 e no SVG de 0.34. Este padrão resultou da dependência de Rn e das características fenológicas do Cerrado, que reduzem a capacidade fotossintética e transpirativa na estação seca, com senescência das árvores e dormência de gramíneas, em oposição à Mata atlântica de característica perenifólia. A diferença de ET entre as áreas deu-se devido à estação úmida, com 2.3 / 3.4 mm/d no SVG e de 2.3 / 4.4 mm/d no Cerrado para estação seca/úmida respectivamente. A umidade do solo foi marcada por uma pronunciada anomalia negativa em 2014 no PEG, que provocou um aumento da razão de Bowen, e que prolongou-se até o ano seguinte durante a estação seca, apesar da seca meteorológica já finalizada, o que foi corroborado por dois sistemas independentes de medição. Para a Mata Atlântica/SVG, a produtividade primária bruta PPB foi marcadamente sazonal, com máximos no verão e mínimos no inverno, estimada na média anual 6 gC/m²d, supondo-se a condição de clímax, e que superestimou as médias de inventários globais de parcelas de campo em floresta tropical úmida. Os achados deste estudo promovem mais entendimento dos padrões de funcionalidade hídrica, energética e de produtividade das florestas no Brasil, para ecossistemas no Cerrado e Mata Atlântica, com implicações para definir estratégias de conservação e gestão sustentável da biodiversidade, e de quantificação e valoração dos serviços ecossistêmicos.


Palavras-chave: Mata Atlântica, Cerrado, Balanço de energia, Balanço de CO2, Evapotranspiração, SiB2.