Impacto da resolução dos modelos globais na América do Sul: climatologia, variabilidade e ciclo diurno

Autor Maria de Souza Custódio
Orientador Rosmeri Porfirio da Rocha
Tipo de programa Doutorado
Ano da defesa 2013
Departamento Ciências Atmosféricas
Resumo

Os MCGs (Modelos de Circulação Geral) têm mostrado dificuldades em simular a precipitação na América do Sul (AS), principalmente seu ciclo diurno, o que muitas vezes é atribuído à baixa resolução destes modelos limitando que simulem sistemas de menor escala espacial. O objetivo deste trabalho foi compreender o impacto da resolução horizontal dos modelos acoplados de alta resolução nos padrões atmosféricos e em seus processos de interação entre escalas espaciais. Para tanto, foi analisada a climatologia, a variabilidade nas escalas interanual (IA) e intrasazonal (IS) e o ciclo diurno da precipitação sobre a AS dos modelos globais acoplados e atmosféricos de alta resolução do projeto HiGEM. Para a validação das simulações foram utilizados dados de diferentes reanálises e as estimativas de chuva do TRMM-PR. As simulações foram comparadas às observações visando o entendimento do impacto que a resolução horizontal dos modelos globais acarreta nos sistemas precipitantes da AS. As simulações, tanto acopladas como atmosféricas, representam os padrões espaciais observados relacionados à marcha sazonal da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), formação e posicionamento da Zona de Convergência do Atlântico Sul, as Altas Subtropicais do Atlântico e Pacífico. No entanto, superestimam a taxa de chuva, com destaque para ZCIIT e a fronteira oeste das regiões de maior elevação como, por exemplo, o sul do Chile. O aumento da resolução horizontal contribuiu para a maior acurácia na representação dos padrões sazonais dos modelos globais, com os modelos acoplados aproximando-se mais das observações do que os atmosféricos em várias regiões da AS. A análise da variabilidade IA mostrou que as simulações acopladas intensificam o impacto do El Niño Oscilação Sul (ENOS) na Amazônia e sudeste da AS. Na escala IS, apesar da intensificação, os modelos acoplados mostraram sinal mais próximo do observado do que os atmosféricos para os extremos de precipitação sobre a AS. Vale destacar que existem diferenças entre as anomalias IS simuladas e observadas o que indica que os modelos ainda apresentam problemas em representar corretamente a intensidade dos fenômenos de baixa frequência que ocorrem nesta escala. O ciclo diurno da chuva simulada pelos modelos acoplados e atmosféricos foi semelhante ao do TRMM-PR na grande maioria das regiões e estações do ano. No entanto, as simulações acopladas e atmosféricas apresentando padrão semelhante e não sendo possível identificar qual dos grupos possui melhor desempenho. O aumento da resolução intensificou, em geral, o pico diário da chuva não alterando sua intensidade de forma representativa nos demais horários. Portanto, conclui-se que os modelos globais de alta resolução representam corretamente, apesar de alguns erros de intensidade, o ciclo diurno da precipitação na AS, corrigindo, por exemplo, erros de compensação na frequência e intensidade da precipitação, com precipitação fraca ocorrendo muito frequentemente comum em muitos modelos globais e até mesmo regionais.

Anexo t_maria_s_custodio_corrigida.pdf