Variações geomagnéticas, heliomagnéticas e do fluxo de raios cósmicos galácticos: possíveis consequências climáticas na região da América do Sul

Autor Everton Frigo
Orientador Igor Ivory Gil Pacca
Tipo de programa Doutorado
Ano da defesa 2013
Departamento Geofísica
Resumo

FRIGO, e. Variações geomagnéticas, heliomagnéticas e do fluxo de raios cósmicos galácticos: possíveis consequências climáticas na região da América do Sul. 2013. 130 f. Tese (Doutorado) - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

Neste trabalho é investigada a presença de sinais associados à variabilidade do fluxo de raios cósmicos galácticos (galactic cosmic rays - GCR) em dados climáticos e paleoclimáticos provenientes da região da América do Sul. Esta região vem sendo afetada pela presença da Anomalia Magnética do Atlântico Sul (South Atlantic Magnetic Anomaly - SAMA) nos últimos séculos, que funciona como uma janela facilitadora para a entrada de GCR até a atmosfera terrestre. Os dados climáticos consistem de séries temporais de temperatura média anual e do total anual de precipitação registradas em 20 estações meteorológicas entre 1933 e 2009. Os dados paleoclimáticos consistem de séries temporais de alta resolução do indicador δ18O que foram obtidas a partir de duas amostras de espeleotemas, uma do nordeste e outra do sudeste do Brasil cobrindo o intervalo entre 1000 BC e 2004 AD. A análise espectral clássica indica sinais característicos da atividade solar, e por consequência dos GCR, tanto nos dados climáticos quanto nos dados paleoclimáticos. Porém, as análises de coerência espectral e fase mostram que estes sinais são intermitentes na maior parte dos registros. Foram identificados picos de máxima temperatura coincidentes ou quase coincidentes com os últimos quatro mínimos do ciclo magnético solar de 22 anos, sendo esta relação mais forte na região onde a intensidade do campo geomagnético foi menor. A comparação entre a variabilidade de δ18O e da intensidade do campo geomagnético em escala secular indicou que os GCR podem ter modulado a precipitação do Nordeste do Brasil nos intervalos 620 BC-300 BC e 1100 AD-1470 AD e, do Sudeste do Brasil entre 300 AD e 900 AD. Os espeleotemas registraram dois eventos climáticos bastante interessantes. O período de alta precipitação registrado em aproximadamente 700 BC no Nordeste do Brasil é atribuído principalmente à baixa irradiância solar no período. Sugere-se que as fortes oscilações climáticas ocorridas no Sudeste do Brasil entre 1600 e 1800 AD podem ser atribuídas a um somatório do efeito da baixa irradiância solar e do alto fluxo de GCR. Um forte sinal de aproximadamente 700 anos, característico da variabilidade solar, foi registrado nos espeleotemas do Nordeste e do Sudeste do Brasil, porém as reconstruções das séries temporais dos indicadores paleoclimáticos e da atividade solar para esta faixa de periodicidades mostrou que as mesmas não estão em fase durante todo o período estudado.

Anexo Tese_EFrigo_corrigida.pdf