Doutorado: A anomalia geomagnética do Levante: perspectivas a partir de registros paleomagnéticos de estalagmites do Marrocos

Data

Horário de início

09:30

Local

Auditório ADM-210 – IAG/USP (Rua do Matão, 1226 - Cidade Universitária)

Defesa de tese de doutorado
Aluno: Janine Araujo do Carmo
Programa: Geofísica
Título: “A anomalia geomagnética do Levante: perspectivas a partir de registros paleomagnéticos de estalagmites do Marrocos”
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Ivan Ferreira da Trindade

Comissão Julgadora

  1. Prof. Dr. Ricardo Ivan Ferreira da Trindade – Orientador – IAG/USP
  2. Profa. Dra. Daniele Cornellio de Paiva Caldeira Brandt - IAG/USP
  3. Dra. Anita Di Chiara – INGV/Itália - (por videoconferência)
  4. Prof. Dr. Valdir Felipe Novello - University of Tübingen/Alemanha - (por videoconferência)
  5. Prof. Dr. Wilbor Poletti Silva - UFVJM - (por videoconferência)

 
Resumo

A Anomalia geomagnética do Levante (LIAA) refere-se a um fenômeno geomagnético incomum ocorrido entre o início do primeiro milênio antes da era comum. Essa anomalia foi identificada por meio do registro de intensidades excepcionalmente altas do campo geomagnético em artefatos arqueológicos na região do Levante, que chegam a ser quase o dobro da intensidade atual do campo geomagnético terrestre. Desta forma, ela tem recebido grande atenção devido às suas características únicas e implicações para nossa compreensão do campo magnético da Terra. Esse campo regional anômalo parece se estender além da região do Levante, incluindo as Ilhas Canárias e a Península Ibérica, mas a extensão espacial e o possível deslocamento para o oeste da LIAA ainda são debatidos. Neste estudo, fornecemos um registro paleomagnético e paleointensidade contínuo de 6.000 anos de estalagmites das cavernas Wintimdouine, no Marrocos, abrangendo o intervalo de tempo da LIAA. Foram identificados dois principais portadores magnéticos através da desmagnetização por campos alternados e térmica. O mineral de baixa coercividade é a magnetita parcialmente oxidada, confirmada a partir de experimentos em baixa temperatura. O portador de alta coercividade é hematita, definida pelo protocolo de desmagnetização térmica. Ambas as fases magnéticas registram a mesma direção do campo magnético. Esta mineralogia peculiar permitiu discutir, com a ajuda de modelos numéricos os mecanismos de aquisição de magnetização em espeleotemas. Além disso, através de técnicas de mapeamento magnético, verificamos que a estabilidade magnética está relacionada à quantidade e o tamanho de grãos magnéticos presentes nas amostras. Os dados paleomagnéticos direcionais obtidos das estalagmites mostraram-se estáveis ao longo do registro. Essas direções foram comparadas com modelos magnéticos globais e regionais, apresentando sobreposição com os dados do GEOMAGIA50 v3.4 para a região do Mar Mediterrâneo e com outros modelos geomagnéticos. A estimativa de paleointensidade foi realizada por meio do método
de pseudo-Thellier, e os resultados foram calibrados utilizando o modelo Pfm9k.2. A variação da intensidade ao longo do registro não apresentou correlação com mudanças na mineralogia das estalagmites. A intensidade máxima registrada durante a LIAA foi de 111 ZAm2, abaixo do limite estabelecido para anomalia (155 ZAm2). Esses resultados indicam que a anomalia magnética da LIAA está limitada à Europa Oriental, sugerindo uma estrutura mais complexa do campo geomagnético nessa região durante esse período. Modelos de campo magnético no limite manto-núcleo mostram configurações diferentes de manchas de fluxo normais e reversas durante a LIAA, o que indica uma dinâmica complexa nessa região.
Palavras-chave: Anomalia geomagnética, Levante, LIAA, Paleomagnetismo, Espeleotemas