Mestrado: Análise da associação entre variáveis meteorológicas e mortalidade em idosos aplicada a características climáticas diferentes do Estado de São Paulo no clima presente e futuro

 

O crescimento da população idosa aumentou o interesse em compreender como a sensibilidade climática está relacionada ao seu conforto térmico. Diante disso, verificamos a explicação dada pela associação entre as mortalidades em idosos por doenças cardiovasculares (DCV) e respiratórias (DRSP) e as variáveis meteorológicas, para três cidades do estado de São Paulo: Campos do Jordão, Ribeirão Preto e Santos, considerando o clima presente e o cenário futuro de mudanças climáticas do RCP 4.5 e RCP 8.5. Os dados de saúde  foram obtidos através do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), os dados meteorológicos do presente das estações do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (CIIAGRO) e Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA) e os dados simulados provenientes da plataforma PROJETA. Os métodos utilizados consistem no cálculo dos índices de conforto térmico: Temperatura Efetiva (TE) e Temperatura Efetiva em função do vento (TEv) e na investigação das observações através da suavização dos dados pelo Modelo Autoregressivo Integrado a Média Móvel (ARIMA) em conjunto com a aplicação da Análise de Componentes Principais (ACP) e correlação de Spearman na avaliação da associação estatística, além da utilização do Risco Relativo resultante do Modelo Linear Generalizado (MLG) acoplado ao modelo não linear de atraso distribuído (DLNM). Os resultados obtidos mostram as DCV como maior causa de mortalidade, principalmente no período frio, este também responsável pela taxa elevada de mortalidade por DRSP. A taxa de mortalidade foi superior para Campos do Jordão de 12 a 32% (DCV) e de 2 a 10% (DRSP), menores em Santos, de 13 a 16% (DCV) e aproximadamente 5% (DRSP) e Ribeirão Preto apresentou valores intermediários de 11 a 18% (DCV) e de 2 a 7% (DRSP). As associações estatísticas demonstraram significância para baixos valores das variáveis meteorológicas em todas as cidades de estudo, tais como, temperatura média (Campos do Jordão), umidade relativa (Ribeirão Preto) e velocidade do vento (Santos), assim como, os menores valores dos índices TE e TEv indicaram associação positiva com o aumento da mortalidade em idosos. Para o clima futuro projeta-se maior excesso de mortalidade associado aos efeitos do calor, principalmente no futuro distante sob o cenário RCP8.5 nas três cidades de estudo. No entanto, estima-se o aumento da fração de mortalidade atribuída as baixas temperaturas no período frio, particularmente em Campos do Jordão. Contudo, os resultados deste trabalho ajudarão a compreender o impacto dos fatores meteorológicos e de conforto térmico na mortalidade de idosos no clima presente e futuro, auxiliando na implementação de medidas mitigadoras e adaptativas, com intuito de prolongar e melhorar a qualidade de vida da população idosa.