Mestrado: Impactos do transporte de aerossóis do deserto do Saara sobre o balanço de radiação sobre o Atlântico tropical e a Amazônia

Data

Horário de início

14:00

Local

Transmissão online


Defesa de dissertação de mestrado
Aluno: Lucas Ferreira Correa
Programa: Meteorologia
Título: “Impactos do transporte de aerossóis do deserto do Saara sobre o balanço de radiação sobre o Atlântico tropical e a Amazônia”

Comissão Julgadora:
Profa. Dra. Márcia Akemi Yamasoe – IAG/USP
Prof. Dr. José Vanderlei Martins – UMBC/Baltimore-USA
Prof. Dr. Nilton Manuel Évora do Rosário - UNIFESP
 
 
Resumo:
Todos os anos, centenas de milhões de toneladas de areia são transportadas do deserto do Saara para outras regiões. Para a Amazônia este fenômeno ganhou notoriedade devido à importância do ponto de vista bioquímico, uma vez que, com a areia, são transportadas grandes quantidades de minerais que enriquecem o solo da floresta. Entretanto, o transporte de aerossóis do deserto do Saara para a Amazônia também é importante no que tange ao balanço radiativo do planeta, uma vez que os aerossóis em suspensão na atmosfera interagem com a radiação, afetando o saldo de radiação, especialmente no espectro solar. Nas últimas décadas diversos estudos investigaram o fenômeno desde o aspecto estrutural das plumas de aerossol até o aspecto radiativo. Neste estudo busca-se contribuir para os conhecimentos sobre este tema, destacando a importância da região de origem do aerossol no deserto do Saara e como evolui o impacto radiativo das plumas desde que elas deixam o continente africano. Para isso, foram utilizados dados de fluxos radiativos medidos em satélites e dados de propriedades ópticas de aerossol medidos em superfície, além de simulações numéricas. Os resultados mostram que, além da depressão de Bodélé, já amplamente documentada como fonte de aerossóis transportados para a Amazônia, outra região entre o norte de Mali, Mauritânia e o sul da Argélia, também é importante fonte de aerossóis transportados para a Amazônia. Observou-se também que, devido às diferenças nas propriedades ópticas, os aerossóis de cada uma das origens têm eficiências de forçamento radiativo diferentes, com uma eficiência maior pelos aerossóis originários de Bodélé, tendo a eficiência diária de forçamento radiativo de -36 ± 4 W/(m² τ dia) na média dos meses calculados, contra -31 ± 4 W/(m² τ dia) dos aerossóis do norte de Mali, diferença estatisticamente significativa ao nível de significância de 5%. Com relação ao deslocamento das plumas, observou-se uma redução de até 10% (~3 W/m² τ dia) na eficiência diária de forçamento radiativo desde que as plumas deixam o continente africano até a região intermediária entre os dois continentes, com uma projeção de diminuição de até 40% na eficiência para as plumas que chegam à Amazônia. O estudo contribui para o conhecimento sobre os impactos radiativos dos aerossóis do deserto do Saara, sobre o transporte em si, e abre espaço para discussões sobre a tradução dos impactos radiativos em impactos termodinâmicos e dinâmicos na atmosfera, que refletem no tempo e no clima. 
Palavras-chave: Aerossóis, deserto do Saara, Amazônia, balanço de radiação, forçamento radiativo.