Doutorado: Ondas de calor e a mortalidade de idosos por doenças respiratórias e cardiovasculares nas capitais dos estados brasileiros: Uma análise no presente (1996-2016) e projeções para o futuro próximo (2030-2050) e futuro distante (2079-2099) em difer

Data

Horário de início

14:00

Local

Transmissão online


Defesa de tese de doutorado
Aluno: Fernanda Rodrigues Diniz
Programa: Meteorologia
Título: “Ondas de calor e a mortalidade de idosos por doenças respiratórias e cardiovasculares nas capitais dos estados brasileiros: Uma análise no presente (1996-2016) e projeções para o futuro próximo (2030-2050) e futuro distante (2079-2099) em diferentes cenários de mudanças climáticas”
Orientador: Prof. Dr. Fabio Luiz Teixeira Gonçalves

Comissão Julgadora:
1- Prof. Dr. Fabio Luiz Teixeira Gonçalves - IAG/USP - por videoconferência
2- Profa. Dra. Rosmeri Porfirio da Rocha - IAG/USP- por videoconferência
3- Prof. Dr. Wilson Jacob Filho - FM/USP- por videoconferência
4- Prof. Dr. Anderson Spohr Nedel – UFFS - por videoconferência
5- Profa. Dra. Maria Elisa Siqueira Silva - FFLCH/USP - por videoconferência
 
 
 
Resumo
Não há mais dúvidas que as mudanças climáticas estão ocorrendo como resultado do acúmulo de gases do efeito estufa na atmosfera, decorrentes principalmente de emissões antrópicas. As mudanças climáticas podem afetar a saúde de diferentes maneiras, e uma delas é pelo aumento da frequência e intensidade das ondas de calor. O Brasil é um dos países que vem apresentando nos últimos anos aumento no número de dias com ondas de calor em seus diferentes estados, afetando principalmente a saúde da população mais sensível, como é o caso dos idosos. Os idosos são mais vulneráveis ao calor devido aos mecanismos termorregulatórios disfuncionais, desidratação, medicamentos e doenças que envolvem os sistemas que regulam a temperatura corporal, como doenças respiratórias (DRSP) e cardiovasculares (DCV). Neste contexto, essa tese objetivou quantificar a mortalidade de idosos por DRSP e DCV relacionadas às ondas de calor durante os períodos quentes e períodos frios nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal no presente (1996 a 2016) e fazer projeções a partir de dois modelos climáticos (Eta-HADGEM2-ES e Eta-MIROC5), considerando os cenários RCP4,5 e RCP8,5 das mudanças climáticas para o futuro próximo (2030 a 2050) e futuro distante (2079 a 2099). Nas projeções futuras, outro aspecto importante foi a quantificação da mortalidade para as hipóteses de não adaptação e adaptação ao clima futuro. As ondas de calor foram identificadas nas capitais brasileiras tanto no presente quanto no futuro utilizando a definição de que uma onda de calor é um período de pelos menos de três dias consecutivos com temperaturas máximas diárias acima dos limiares diários do 90º, 95º e 98º percentis da temperatura máxima do período climatológico de referência. Além de identificadas, as ondas de calor foram caracterizadas quanto a sua frequência, duração e intensidade. No presente, os impactos das ondas de calor sobre a mortalidade de idosos por DCV e DRSP foram analisados separadamente para suas diferentes contribuições individuais (aumento do índice de calor e persistência) e também para a contribuição total (soma das contribuições individuais), da qual foi projetada para o futuro. Afim de obter uma medida resumo dos impactos das ondas de calor sobre a mortalidade de idosos no Brasil e suas regiões, processos meta-analíticos foram aplicados nos resultados obtidos para as capitais brasileiras. Os resultados mostraram que os modelos climáticos possuem resultados convergentes, contudo, o modelo Eta-HADGEM2-ES mostrou projeções mais pessimistas para o futuro em comparação com o modelo Eta-MIROC5. Assim como também, as projeções no cenário RCP8,5 foram mais pessimistas, principalmente no futuro distante (2079-2099). As projeções mostraram que a temperatura máxima no Brasil é esperada aumentar em até 5,8°C e a umidade relativa diminuir em até -11% no futuro, por consequência as projeções mostraram que as ondas de calor nas capitais brasileiras serão mais frequentes, mais intensas e mais persistentes tanto no período quente quanto no período frio. Os resultados mostraram que devido ao aumento das ondas de calor no futuro, o risco de mortalidade associados às ondas de calor também deve aumentar, especialmente para ondas de calor mais intensas (P98). Em média no Brasil, o risco de mortalidade de idosos por DCV é esperado aumentar em até 1257% em relação ao presente e por DRSP em até 1433% no pior cenário projetado. Os resultados mostraram que se não houver adaptação, espera-se que a taxa de mortalidade de idosos relacionada às ondas de calor no Brasil aumente, especialmente em 2079-2099 no cenário RCP8,5 (em média 974 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DCV e 20 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DRSP). Espera-se que a mortalidade relacionada às ondas de calor aumente muito mais nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste do país, principalmente por DCV. Já em um pressuposto de adaptação hipotética, espera-se que a taxa de mortalidade relacionada às ondas de calor ainda aumente, mas o aumento será muito menor do que sob a hipótese de nenhuma adaptação (em média 80 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DCV e 1,7 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DRSP). Portanto, a adaptação às ondas de calor é extremamente importante para reduzir o número de óbitos de idosos por DCV e DRSP no Brasil no futuro. Contudo, o Índice de Adaptação Urbana (UAI) mostrou que nenhuma capital brasileira atualmente possui um potencial adaptativo considerado ideal, sendo necessária a atenção de políticas públicas, principalmente, nas dimensões de habitação, gestão ambiental e respostas aos impactos climáticos para que o potencial adaptativo das capitais brasileiras aumente, podendo assim, evitar o aumento da mortalidade da população idosa nos próximos anos.
Palavras-chave: Mudanças Climáticas, Ondas de Calor, Idosos, Mortalidade, Brasil.