Doutorado: Paleomagnetismo, estratigrafia magnética e sedimentologia do Ediacarano na Formação Avellaneda (Argentina)

Data

Horário de início

14:00

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Transmissão online


Defesa de tese de doutorado
Aluno: Jhon Willy Lopes Afonso
Programa: Geofísica
Título: “Paleomagnetismo, estratigrafia magnética e sedimentologia do Ediacarano na Formação Avellaneda (Argentina)”
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Ivan Ferreira da Trindade 

Comissão Julgadora:
1. Prof. Dr. Ricardo Ivan Ferreira da Trindade - IAG/USP - por videoconferência
2- Prof. Dr. Augusto Ernesto Rapalini – Universidade de Buenos Aires - por videoconferência
3- Prof. Dr. Isaac Daniel Rudnitzki - DEGEO/UFOP - por videoconferência
4- Prof. Dr. Gustavo Macedo de Paula Santos - University of Bremen - por videoconferência
5- Prof. Dr. Jairo Francisco Savian – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - por videoconferência
 
 
Resumo
O Período Ediacarano testemunhou notáveis perturbações em quase todos os elementos do Sistema Terra. Durante este intervalo, os oceanos tornarem-se progressivamente oxigenados e capazes de abrigar organismos macroscópicos complexos, além de ocorrerem expressivas mudanças na configuração dos continentes. A cobertura sedimentar do cráton do Río de la Plata representa uma oportunidade de acessar informações significativas sobre este momento crítico da história da Terra. Esta tese investiga rochas sedimentares dominados por carbonatos da Formação Avellaneda (Grupo La Providencia), preservados na porção noroeste do Sistema Tandilia (Argentina). Para tanto, esta tese integra informações sobre o ambiente deposicional, dados de isótopos de carbono e contexto paleogeográfico da Formação Avellaneda a partir do estudo de três furos de sondagem. O estudo de microfácies auxiliada por novos dados de isótopos de carbono permitiu refinar o cenário deposicional da Formação Avellaneda, indicando um ambiente submaré/intermaré a intermaré/supramaré. Pela primeira vez foram relatados pseudomorfos de sulfatos de cálcio além de texturas evaporíticas, indicando alguma restrição na bacia ou uma zona de alta evaporação. Os dados de δ13C revelam uma excursão negativa localizada próximo ao topo da Formação Avellaneda. Esta excursão é de natureza primária e interpretada como uma expressão da excursão isotópica Shuram. Apesar de não atingir valores negativos extremos, esta excursão isotópica é consistente se comparada com outras seções coevas. A presença da excursão Shuram na Formação Avellaneda implica em uma idade para sua deposição em torno de ~570 Ma. As rochas da Formação Avellaneda forneceram direções magnéticas estáveis, portadas por magnetita e hematita, que são consistentes nos três furos estudados. Esses dados, junto com os registros de outras unidades fora do Craton Rio de la Plata, permitiram construir um arcabouço magneto-estratigráfico para o Ediacarano médio, englobando todo o período de ocorrência da excursão Shuram. Os novos dados paleomagnéticos contribuíram para definir uma curva de deriva polar aparente (APWP) mais robusta para o cráton Río de la Plata (RPC) de 600 a 560 Ma. O polo paleomagnético não se assemelha a nenhum outro polo previamente determinado para o RPC e passa um teste da reversão, fornecendo, portanto, um novo vínculo paleogeográfico para um dos blocos continentais mais importantes do Gondwana Ocidental. De acordo com os novos dados, durante o intervalo de 580-560 Ma, o RPC migrou para paleolatitudes moderadamente altas (entre cerca de 50° e 42°S). Estas latitudes estão próximas daquelas esperadas para a ocorrência de evaporitos. Além disso, os dados paleomagnéticos sugerem uma grande rotação no sentido anti-horário para o RPC, mas pouco deslocamento paleolatitudinal entre 580 e 570 Ma.
Palavras-chave: Ediacarano, Río de La Plata, Formação Avellaneda, Shuram