Mestrado: Dióxido de carbono na cidade de São Paulo: medidas em superfície e análises sazonais

Data

Horário de início

14:00

Local

Auditório ADM-210


Defesa de dissertação de mestrado
Aluno: Marcos Augusto Stoco
Programa: Meteorologia
Título: “Dióxido de carbono na cidade de São Paulo: medidas em superfície e análises sazonais”
Orientador: Profa. Dra. Maria de Fatima Andrade

Comissão Julgadora:
1- Profa. Dra. Maria de Fatima Andrade - IAG/USP
2- Profa. Dra. Marina Piacenti da Silva – UNESP – por videoconferência
3- Dr. Carlos Eduardo Souto de Oliveira - pós-doutorando IAG - por videoconferência
 
 
 
Resumo
Desde aproximadamente 11300 anos, nossa atmosfera apresenta uma composição química que permitiu e permite não só o surgimento da vida, como também a evolução dos seres vivos até os fenótipos que vemos hoje em dia. Porém, uma perturbação nas configurações de alguns constituintes da química atmosfera padrão pode resultar em mudanças no clima do planeta. Dentre esses constituintes, o Dióxido de Carbono (CO2) e o Metano (CH4), são conhecidos como Gases de Efeito Estufa (GEE), junto com outros compostos que interagem com a radiação solar e terrestre alterando o balanço radiativo do planeta. Atualmente, existem estudos envolvendo emissões de CO2 e CH4, focados em grandes cidades para entender perfis de emissões destes poluentes e quais os impactos destas grandes cidades para o clima do planeta. São Paulo, como outras capitais no Brasil, possui um inventário de emissão de GEE, sendo importante ressaltar que esta cidade é a quinta maior megacidade do mundo. Mas há uma carência em medidas de GEE em áreas urbanas em todo o mundo. Sendo assim, este trabalho visa descrever a variabilidade temporal e espacial do dióxido de carbono na cidade de São Paulo (RMSP), utilizando medidas em superfície. Neste trabalho serão consideradas as medidas das concentrações de CO2 que estão sendo realizadas em dois sítios na região de estudo, sendo um situado em uma região mais urbana (sítio do IAG, coordenadas 22º34' S e 46º44' O) e o outro em uma região à noroeste da área urbana da cidade, com maior presença de vegetação (sítio Pico do Jaraguá, coordenadas 23º27’ S e 46º46’ O). As medidas são realizadas com um monitor tipo CRDS (Cavity ring-down spectroscopy, marca Picarro) e acontecem desde 2013. Análises recentes nos dados mostram uma tendência de aumento nas medidas de concentração de CO2 no sítio do IAG, desde 2013 até o ano de 2019. Já para o sítio do Pico do Jaraguá, não foi identificado este comportamento, pelo contrário, durante o ano de 2019 foi possível identificar uma, quase estabilidade nas concentrações, indicando que as fontes de emissão e/ou processos de sorvedouros de CO2 neste sítio não variaram, quase que a longo do ano inteiro. A média das concentrações de CO2 para o sítio do Pico do Jaraguá foi 416,7 + 8,8 ppm durante o ano de 2019, enquanto o sítio do IAG apresentou uma média de 430,9 + 23,3 ppm para o mesmo ano. As concentrações médias no Pico do Jaraguá se mantiveram 3,42% mais baixas que a média das concentrações medidas no sítio do IAG, durante o ano de 2019. Retirando os finais de semana do cálculo das concentrações médias, a taxa de variação entre os sítios fica em 3,43%. Outros pontos destacados por esta pesquisa remetem à importância da velocidade do vento superior a 2 ms-1 na dispersão da pluma de CO2 presente no sítio do IAG, sendo estes ventos mais presentes durante as estações da primavera e do verão austral. As concentrações de CO2 em ambos os sítios durante o verão apresentaram a menor variação entre os valores mínimos, sendo que o Pico do Jaraguá registrou 401,94 ppm, enquanto o IAG registrou 403,34 ppm, o que representa uma taxa de variação de 0,35%. Em contrapartida, o inverno apresentou as maiores concentrações máximas em ambos os sítios, sendo o valor máximo registrado de 449,28 ppm no sítio do Pico do Jaraguá, e 525,14 ppm para o sítio do IAG. A maior variabilidade entre as concentrações máximas medidas nos dois sítios fora registrada durante o inverno, sendo 16,88% menor no Pico do Jaraguá quando comparada à concentração máxima medida no sítio do IAG. Outra variável meteorológica importante para redução da concentração do CO2 foi a precipitação, que causou uma redução nas concentrações máximas do gás durante o mês de novembro de 2019. As correlações horárias mostraram também uma forte relação do CO2 com o monóxido de carbono, para o sítio do IAG, porém, para o sítio do Pico do Jaraguá não houve correlações entre estes dois poluentes, indicando que as fontes atuantes no IAG, estão ligadas com a emissão antrópica, sendo a fonte mais provável o tráfego de veículos intensos próximo a este sítio. É notável também a atuação de sumidouros no sequestro do carbono pela vegetação em ambos os sítios o que deve ser melhor estudado em etapas futuras do trabalho.
Palavras-chave: Dióxido de Carbono; Variabilidade; Fontes; Sumidouro