O quarto paradigma em Astronomia?

Data

Horário de início

17:00

Local

Auditório IAG (Rua do Matão, 1226, Cidade Universitária)

O quarto paradigma em Astronomia?

Alberto Krone-Martins, SIM/FCUL - Universidade de Lisboa

"A Astronomia (…) foi ela quem nos fez uma alma capaz de compreender a natureza". Henri Poincaré nos afirma em tal passagem crer ser graças à Astronomia que o homem pode desenvolver seu intelecto, e aprender a existência de leis no Universo. Ninguém sabe ainda se isso é verdade… Mas podemos ter certeza que a história da Astronomia sempre esteve fortemente ligada aos desenvolvimentos de meios que permitiram ampliar as capacidades sensíveis do corpo e da compreensão do ser humano - seja por instrumentos, como o telescópio, seja pela língua, como a matemática. E o século XXI promete não ser diferente.

Neste seminário comentarei um pouco sobre aquilo que atualmente vem sendo chamado de Quarto Paradigma da Ciência, no qual a Astronomia, como outras ciências, se torna intimamente ligada à Informática e Estatística, de modo a ampliar nossos conhecimentos sobre o Universo diretamente a partir de dados; sejam eles observacionais ou teóricos. Apresentarei alguns resultados de minha pesquisa recente já obtidos graças à tal proximidade, particularmente sobre como estudar morfologia de milhões de galáxias ao nível de milli-segundos de arco usando o satélite Gaia, que foi originalmente criado para estudar fontes pontuais, e como subproduto aumentar em mais de uma ordem de grandeza a quantidade conhecida de quasares sofrendo lentes gravitacionais; sobre como determinar a pertinência de estrelas em aglomerados usando o mínimo de hipóteses físicas; e sobre como deixar uma máquina pela primeira vez nos sugerir expressões analíticas para determinação de redshifts fotométricos. Finalmente, terminarei o seminário comentando sobre como esta ligação entre Informática e Estatística com a Astrometria será explorada para a construção e materialização do sistema de referência utilizado pela próxima geração de satélites europeus, científicos e comerciais, como o Euclid ou próxima geração da rede de posicionamento global Galileo.