História do IAG

Antecedentes

As origens do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) são anteriores à fundação da Universidade de São Paulo. O primeiro marco institucional para a história do IAG é a Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo, criada a partir da Lei Provincial nº 9, de 27 de março de 1886. Esta Comissão, chefiada pelo geólogo americano Orville A. Derby, abrigava a Seção de Botânica e Meteorologia, inicialmente dirigida pelo naturalista sueco Alberto Loefgren, que deu início às observações meteorológicas regulares na capital de São Paulo.

Em 1907, sob a chefia do engenheiro José Nunes Belfort Mattos, o escritório meteorológico foi desligado da Comissão  Geográfica e Geológica e passou a integrar a Secretaria da Agricultura, sendo chamado de Seção Meteorológica. Nessa época, Belfort Mattos já realizava observações astronômicas em um pequeno observatório que construiu em sua residência e que ficou conhecido como “Observatório da Avenida”, por estar localizado na Avenida Paulista.

Sob a gestão de Belfort Mattos, a Seção Meteorológica concentrou seus serviços em uma nova construção: o Observatório de São Paulo, inaugurado em em 30 de abril de 1912 no Alto da Avenida Paulista.  Além de centralizar os trabalhos de meteorologia no Estado, o Observatório de São Paulo realizava observações astronômicas e também executava serviços de determinação e disseminação da hora oficial do Estado.

Criação do Instituto Astronômico e Geofísico

O Serviço Meteorológico do Estado de São Paulo foi reorganizado pela Lei Estadual nº 2261, de 31 de dezembro de 1927, que criou a Diretoria do Serviço Meteorológico e Astronômico do Estado de São Paulo, sediada no Observatório Astronômico e Meteorológico de São Paulo.

Ao final da década de 1920, o local do Observatório já não era considerado adequado para as atividades realizadas. A cidade de São Paulo havia crescido, e o aumento das áreas iluminadas na região da Avenida Paulista afetava as observações astronômicas regulares. Os bondes que trafegavam na Avenida também interferiam nos serviços de geomagnetismo e de sismologia. Por esses motivos, o engenheiro Alypio Leme de Oliveira, diretor da Diretoria do Serviço Astronômico e Meteorológico, idealizou a mudança do Observatório para um local mais apropriado e elaborou o projeto para a construção.

No entanto, a instabilidade política no período trouxe novas mudanças para o recém-criado Serviço Meteorológico e Astronômico. O Decreto Estadual nº 4788, de 4 de dezembro de 1930, anexou o Serviço à Escola Politécnica. O Decreto manteve as finalidades e a Diretoria do órgão, mas alterou sua denominação para Instituto Astronômico e Geofísico. Um ano depois, o Decreto Estadual nº 5320, de 30 de dezembro de 1931 determinou a criação do Instituto Astronômico e Geográfico, agregando ao órgão os funcionários extinta Comissão Geográfica e Geológica e mantendo Alypio Leme de Oliveira como diretor. O Instituto foi reintegrado à Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio do Estado.

Nesta nova configuração, Alypio Leme de Oliveira deu continuidade a seu projeto para a construção da nova sede do Instituto. Após a análise de vários pontos da cidade de São Paulo, o Parque do Estado, no bairro da Água Funda, foi escolhido para abrigar a construção, que foi iniciada em 24 de fevereiro de 1932 com o assentamento da pedra fundamental. Em 22 de novembro do mesmo ano foi inaugurada a Estação Meteorológica do Instituto Astronômico e Geográfico no Parque do Estado. A inauguração da nova sede do Observatório Astronômico ocorreria somente em 24 de abril de 1941, com a conclusão das obras.

Incorporação à Universidade de São Paulo

 A Universidade de São Paulo foi criada pelo Decreto Estadual nº 6283, de 25 de janeiro de 1934, pelo então Interventor Federal em São Paulo, Armando Salles de Oliveira, e teve seus Estatutos regulamentados pelo Decreto Estadual nº 6533, de 4 de julho de 1934. O Instituto Astronômico e Geográfico passou a ser considerado Instituto Complementar da Universidade de São Paulo, com a sua parte administrativa subordinada à Secretaria de Indústria e Comércio, cabendo ao Conselho Universitário dar-lhe orientação científica e técnica para prestar os serviços dele esperados.

No ano seguinte, o Decreto Estadual nº 7309, de 5 de julho de 1935 extinguiu o Instituto Astronômico e Geográfico, reestabelecendo o Instituto Astronômico e Geofísico e criando o Departamento Geográfico e Geológico. O Departamento Geográfico e Geológico ficou encarregado da Rede Meteorológica do Estado de São Paulo, mas o Instituto Astronômico e Geofísico conservou sua Estação Meteorológica para fins de pesquisa. Os dois órgãos permaneceram subordinados à Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio.

O Instituto Astronômico e Geofísico foi definitivamente incorporado à Universidade de São Paulo pelo Decreto Estadual nº 16622, de 30 de dezembro de 1946, com a mesma denominação e as mesmas finalidades, passando a constituir um de seus Institutos Anexos. Alypio Leme de Oliveira continuou como seu diretor até sua aposentadoria em 1955, sendo substituído por Abrahão de Moraes, docente da Universidade. Abrahão de Moraes permaneceu no cargo até sua morte, em dezembro de 1970.

Durante a gestão de Abrahão de Moraes, foi idealizado o projeto para a construção de um novo observatório para o Instituto. Mais uma vez, o crescimento da cidade de São Paulo começava a afetar as observações realizadas no Parque do Estado. O novo observatório foi construído no Morro dos Macacos, no Município de Valinhos (SP), e inaugurado em 19 de abril de 1972 com o nome Observatório “Abrahão de Moraes”.

Unidade de Ensino e Pesquisa

O Instituto Astronômico e Geofísico foi transformado em Unidade da USP pelo Decreto Estadual nº 52907, de 27 de março de 1972. Em seguida, com a Portaria GR nº 1809, de 26 de maio de 1972, foi estabelecida a departamentalização do Instituto, que passou a ser constituído pelos Departamentos de Astronomia, Geofísica e Meteorologia.

O interesse em se criar um curso no Instituto havia sido manifestado por Alypio Leme de Oliveira, antes mesmo da incorporação à Universidade, mas o projeto de formação de engenheiros geógrafos não foi aprovado. Uma segunda tentativa, em 1938, também não evoluiu. Foi somente na década de 1970, após a transformação em Unidade da USP, que os esforços na área de Ensino passaram a ser mais organizados e estruturados.

O corpo docente dos novos departamentos reuniu professores de outras unidades da USP e  jovens pesquisadores que haviam obtido suas titulações em programas estrangeiros da área de Ciências da Terra e do Universo, que ainda não eram oferecidos no Brasil. Estava clara para o IAG a necessidade de atuar na formação de recursos humanos para o desenvolvimento destas áreas no Brasil.

Nos anos de 1973 e 1974, foram criados os programas de Pós-Graduação em Astronomia e em Geofísica, respectivamente. A linha de Meteorologia integrou o Programa de Pós-Graduação em Geofísica entre 1975 e 1984, quando foi estabelecido o Programa de Pós-Graduação em Meteorologia.

Ao mesmo tempo, o IAG começa a oferecer disciplinas optativas para cursos de graduação de unidades como o Instituto de Física e o Instituto de Matemática e Estatística. Essas disciplinas ajudaram a captar interessados para os novos programas de pós-graduação do Instituto.

O primeiro curso de graduação do IAG, o Bacharelado em Meteorologia (Portaria MEC nº 409, de 19 de outubro de 1982), foi iniciado em 1977, contando com os profissionais da Estação Meteorológica na função de auxiliares de ensino. Em 1984, tem início a primeira turma do Bacharelado em Geofísica do IAG (Portaria MEC nº 326 de 18 de maio de 1989).

Mudança para a Cidade Universitária

Ainda na década de 1980, algumas atividades de ensino do IAG começaram a ser desenvolvidas na Cidade Universitária – inicialmente em barracões emprestados enquanto a nova sede do Instituto era construída. 
A construção da sede na Rua do Matão, na Cidade Universitária, foi motivada tanto pela necessidade de mais espaço para abrigar as crescentes atividades do Instituto quanto pelo interesse em aproximação com outras unidades da USP, como o Instituto de Física, o Instituto de Matemática e Estatística e o Instituto de Geociências.

A transferência das atividades do IAG para a Cidade Universitária foi finalizada somente em 2001. Também em 2001 o IAG passou a adotar o nome Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, vigente até hoje.

A sede antiga, no Parque do Estado, passa a ser ocupada pelo Parque Cientec, um órgão de divulgação científica subordinado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. A Estação Meteorológica do IAG permanece no mesmo local, para a manutenção de sua série contínua de medições.

Foi somente em 2009 que ocorreu a criação do Bacharelado em Astronomia. Anteriormente, o Departamento de Astronomia do IAG já atuava na graduação oferecendo disciplinas para estudantes do Bacharelado em Física (com habilitação em Astronomia), além de disciplinas optativas para diversos cursos da USP.

Em 2013, foi criado o programa de Mestrado Profissional em Ensino de Astronomia, com o objetivo formar recursos humanos para ensino e divulgação científica.

Pesquisa para o futuro

Nos últimos anos, o IAG vem ampliando suas colaborações nacionais e internacionais de pesquisa, participando de consórcios como o GMT (Giant Magellan Telescope), liderando grandes projetos de pesquisa em áreas como Poluição Atmosférica e gerenciando laboratórios compartilhados com o Laboratório de Paleomagnetismo.
 

Diretores e Vice-Diretores
2021– Prof. Dr. Ricardo Ivan Ferreira da Trindade
Profa. Dra. Beatriz Leonor Silveira Barbuy
2017–2021 Prof. Dr. Pedro Leite da Silva Dias
Prof. Dr. Ricardo Ivan Ferreira da Trindade
2013–2017 Prof. Dr. Laerte Sodré Junior
Prof. Dr. Marcelo Sousa de Assumpção
2009–2013 Prof. Dr. Tércio Ambrizzi
Prof. Dr. Laerte Sodré Junior
2005–2009 Profa. Dra. Márcia Ernesto
Profa. Dra. Beatriz Leonor Silveira Barbuy
2001–2005 Prof. Dr. Jacques Lépine
Profa. Dra. Maria Assunção Faus da Silva Dias
1997–2001 Prof. Dr. Oswaldo Massambani
1993–1997 Prof. Dr. Igor Ivory Gil Pacca
1989–1993 Prof. Dr. José A. de Freitas Pacheco
1985–1989 Prof. Dr. Adolpho José Melfi
1981–1985 Prof. Dr. Sylvio Ferraz Mello
1977–1981 Prof. Dr. Adolpho José Melfi
1973–1977 Prof. Dr. Giorgio E. O. Giacaglia
1972 Prof. Dr. Giorgio E. O. Giacaglia (diretor pro tempore)
1971 Prof. Dr. Waldyr Muniz Oliva (presidente do Conselho Diretor)
1955–1970 Prof. Dr. Abrahão de Moraes
1927–1955 Dr. Alypio Leme de Olveira
1902–1926 Engenheiro José Belfort de Mattos