Análise das ocorrências de cisalhamento de vento no aeroporto de Guarulhos (SP) para a precenção de acidentes aeronáuticos

Autor Hiremar Antônio José Soares Silva
Orientador Ricardo de Camargo
Tipo de programa Mestrado
Ano da defesa 2016
Palavras chave cisalhamento do vento; perfilador de vento; acidentes aeronáuticos
Departamento Ciências Atmosféricas
Resumo

A partir de um estudo realizado pelo National Aviation Safety Data Analysis Center (NASDAC), período de 1992 a 2001 e do sistema Aviation Safety Information Analysis and Sharing (ASIAS),  desenvolvido pela Federal Aviation Administration (FAA), no período de 2003 a 2007, ambos utilizaram dados da National Transportation Safety Board (NTSB), constata-se que aproximadamente 21% do total de acidentes aeronáuticos foram devidos a fatores meteorológicos, sendo apontado o vento como responsável majoritário dos casos. Além disso, sabe-se que o maior índice de acidentes/incidentes aeronáuticos ocorre nos procedimentos de decolagem, pouso e aproximação de aeronaves às cabeceiras de pistas, estando relacionados a fatores meteorológicos como o cisalhamento do vento e a turbulência. Assim sendo, este estudo tem como foco principal a análise de informações referentes ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, São Paulo, o primeiro entre os aeroportos do Brasil a operar um SODAR (SOnic Detection And Ranging), equipamento perfilador de vento que contribui na prevenção de acidentes aeronáuticos. Além das medições do SODAR obtidas entre julho de 2012 e março de 2015, foram também utilizados dados METAR, imagens de satélite e de radar meteorológico. A metodologia envolveu uma análise subjetiva de todas as informações meteorológicas disponíveis para os casos de interesse de windshear - termo em inglês para cisalhamento do vento, os quais foram classificados em função da severidade do fenômeno. Em seguida, os casos foram agrupados para a identificação de características comuns que permitam uma interpretação objetiva dos eventos. No período analisado, aproximadamente 88% dos casos referem-se à intensidade moderada do cisalhamento do vento, 10% de eventos fortes e os 2% restantes em casos severos. Do ponto de vista das situações meteorológicas com potencial de causar windshear, foi possível notar que a esmagadora maioria dos casos esteve associada à presença de convecção ou então a situações pré-frontais ou frontais sobre o aeródromo. Além destes, também ocorreram casos com a presença de complexos convectivos de mesoescala (CCM) sobre a Região Sul do Brasil. Em geral, estas situações relacionadas a casos severos e fortes de cisalhamento do vento ocorrem em função da intensificação do fluxo de componente norte sobre o Aeroporto de Guarulhos, o qual interage com a topografia da Serra da Cantareira originando o fenômeno. No entanto, casos de windshear com intensidade forte e moderada podem ocorrer em situações não necessariamente associadas a condições frontais ou pré-frontais. Foram detectadas inúmeras situações pós-frontais em que o vento gira de sudeste (SE) para nordeste (NE) com a elevação de altura, o que significa que a interação com a topografia não é necessária para produzir os fenômenos. Outro ponto relevante diz respeito à intensidade do vento de superfície, pois a intensidade do cisalhamento independe do escoamento superficial apenas. A principal característica das medições do SODAR e que pode ser utilizada em termos práticos para a previsão deste tipo de evento refere-se à formação de uma estrutura aqui denominada “tubo”, o qual foi detectado em inúmeros casos moderados e fortes. Apesar disto, nos seis eventos severos de windshear detectados, esta estrutura não esteve presente. 

Anexo d_hiremar_a_j_s_silva_corrigida.pdf