Relação entre o índice DOA e a ocorrência de doenças cardiovasculares e respiratórias no município de São Paulo no período 2004-2013

Autor Damián León Guevara
Orientador Fabio Luiz Teixeira Gonçalves
Tipo de programa Mestrado
Ano da defesa 2017
Palavras chave morbidade por doenças respiratórias e cardiovasculares, doenças, índice DOA, efeitos meteoro-trópicos
Departamento Ciências Atmosféricas
Resumo

 A atmosfera tem grande e contínua interdependência com o entorno físico-geográfico, o qual influencia direta e indiretamente a saúde humana. A cidade de São Paulo é uma região vulnerável em relação aos efeitos dos fenômenos meteoro-trópicos, os quais são os responsáveis por esta influência. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo principal estimar a densidade parcial de oxigênio dissolvido no ar (DOA), e analisar a relação de sua diferença em 24 horas (índice DOA), e as diferentes doenças cardiovasculares (DCV) e respiratórias para crianças e idosos (RESPC e RESPI, respectivamente) do município de São Paulo durante o período 2004-2013. Os dados meteorológicos de superfície utilizados foram obtidos no horário das 12:00 TMG e também foram empregadas as médias diárias na estação meteorológica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga. Para a descrição sinótica de casos de estudo e a determinação dos tipos de circulação (TC), foram utilizadas cartas sinóticas de pressão em superfície plotadas pela Diretoria de Hidrografia e Navegação do Ministério da Marina (DHN), para as 12 TMG, também foram utilizados informes de casos significativos do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) das 12:00 TMG. Foi igualmente determinado o Estado do Tempo Diário (ETD) para parte do período de estudo, observando o sistema meteorológico predominante em 24 horas. As DCV e RESP apresentaram uma variação sazonal significativa, com evidente aumento do número de pessoas doentes durante o inverno e diminuição durante o verão. A análise do comportamento meteoro-trópico ofereceu valores máximos e mínimos de temperatura e de pressão de vapor de água (TVA), que se relacionam com ocorrências de surtos significativos das DCV, RESPC e RESPI. Por outro lado a DOA e o índice DOA mostram ao longo do período evidente variação sazonal, com máximos no inverno (julho-setembro) e mínimos no verão (dezembro-março). Porém, foram encontrados máximos e mínimos notáveis destas variáveis “fora de temporada”, ou seja, nas estações fora do inverno, com grande diferença entre dias, indicativos de dinâmica muita intensa dos processos sinóticos atuantes, com a capacidade de produzir efeitos meteoro-trópicos significativos mesmo durante o verão. O índice DOA mostrou variações entre dias bem significativas, com máximos por Hiperoxia superiores aos 15 g/m3 e mínimos por Hipóxia inferiores ao -8 g/m3. Segundo a análise dos ETD, foi muito frequente a ocorrência de dias frios, muito frios e chuvosos com e sem vento, entanto dias muito quentes e úmidos, com ou sem vento foram menos frequentes no período de estudo. As correlações entre as variáveis meteorológicas e as doenças mostraram melhores resultados quando foram calculadas as médias mensais e trimestrais. Os coeficientes mais elevados e significativos, acima de 0,40, encontraram-se por biênios, ressaltando o biênio 2004-2005 com os maiores valores (0,87). A relação entre o DOA e os TC influentes mostra como a estrutura vai mudando do setor sul a leste e depois norte na mesma medida que os valores da DOA passam de condições de Hiperoxia a neutra à Hipóxia, indicando que as condições de Hiperoxia atmosférica são predominantes nos meses do inverno e as de Hipóxia no verão. O TC “leste” reflete influência marítima e aparece como transição sazonal e de variação diária, com impactos na saúde. Finalmente, o DOA, índice DOA, TC e ETD são indicadores importantes para estudos epidemiológicos em situações sinóticas específicas.

 

Anexo d_damian_l_guevara_original.pdf