Órbitas estelares e evoluçãoo secular do disco Galáctico

Autor Douglas Augusto de Barros
Orientador Jacques Raymond Daniel Lépine
Tipo de programa Doutorado
Ano da defesa 2014
Departamento Astronomia
Resumo

Analisamos os efeitos seculares de uma estrutura espiral Galáctica de longa duração sobre as órbitas estelares com raios médios nas proximidades da ressonância de co-rotação. Através de simulações de partículas-teste e diferentes modelos de potencial espiral com parâmetros restringidos pelas observações, verificamos a formação de um mínimo de densidade na co-rotação com uma amplitude de aproximadamente 30% – 40% da densidade estelar adjacente. Tal mínimo é formado pela transferência secular de momento angular entre as estrelas e a onda de densidade espiral em ambos os lados da co-rotação. Demonstramos que a perda (ganho) secular de momento angular e o decréscimo (acréscimo) do raio orbital médio de estrelas justamente no interior (exterior) da co-rotação pode contrabalançar a tendência oposta de troca de momento angular mostrada pelas estrelas orbitando os pontos Lagrangianos L4/5 no círculo da co-rotação. Tais processos seculares na verdade permitem que ondas espirais estacionárias promovam migração radial através da co-rotação.

Propomos algumas evidências observacionais para o mínimo de densidade estelar no disco Galáctico, tal como a sua direta relação com o mínimo na curva de rotação observada da Galáxia no raio R ~ 9 kpc (para R0 = 7,5 kpc), assim como a sua associação com um mínimo na distribuição de raios Galácticos de uma amostra de aglomerados abertos mais velhos que 1 bilhão de anos. A proximidade do raio da órbita solar à ressonância de co-rotação implica que a órbita solar se situa no interior de um anel de mínimo de densidade superficial (estelar + gás). Isto também implica uma correção para maiores valores para a massa total estimada do disco Galáctico, e consequentemente, uma maior contribuição da componente do disco à curva de rotação interna da Galáxia.

Baseado em uma descrição mais detalhada para a distribuição de massa do disco, desenvolvemos um modelo de massa para a obtenção do potencial gravitacional tridimensional da Galáxia. Ajustamos os valores dos parâmetros do modelo de forma a reproduzir restrições dinâmicas observadas como a curva de rotação da Galáxia e o perfil local para a variação da força gravitacional com a altura ao plano do disco. Também utilizamos informações locais como a densidade superficial e o padrão de rotação observado. O modelo de massa é utilizado para a derivação do potencial gravitacional da Galáxia e o uso deste no estudo de órbitas estelares da componente do disco. Calculamos as órbitas para uma amostra de aglomerados abertos com distâncias e velocidades espaciais medidas. Os parâmetros orbitais derivados, tais como excentricidades orbitais e alturas máximas acima do plano, apresentam correlações negativas com as metalicidades dos objetos, o que é esperado quando se levam em conta os resultados dos modelos para a evolução química e dinâmica do disco da Galáxia.

Anexo t_douglas_a_barros_corrigida.pdf