Tomografia Adjunta da América do Sul baseada em Simulações 3D de Ondas Sísmicas por Elementos Espectrais

Autor Caio Henrique Ciardelli
Orientador Prof. Dr. Marcelo Sousa de Assumpção
Tipo de programa Doutorado
Ano da defesa 2021
Palavras chave Equação de onda, elementos espectrais, otimização numérica, método adjunto, teoria da frequência finita, inversão de forma de onda completa
Departamento Geofísica
Resumo

A tomografia adjunta, uma técnica de inversão de forma de onda completa baseada em simulações de ondas 3D, agora é comumente usada em sismologia graças aos avanços no poder computacional e nos métodos numéricos. Neste estudo, usamos simulações de onda sísmicas com o método dos elementos espectrais 3D em escala continental (Komatitsch and Tromp, 2002a,b) e 112 terremotos registrados por 1311 estações sismográficas para construir um modelo de tomografia de forma de onda da América do Sul. A tese começa com uma revisão da equação de onda em elastodinâmica seguida por uma explicação introdutória do método dos elementos espectrais (Schubert, 2003; Igel, 2017). Também revisitamos o problema da inversão em geofísica e o método adjunto (Plessix, 2006) de forma intuitiva. Prosseguimos com uma explicação simplificada da teoria da frequência finita (Dahlen et al., 2000) e uma revisão de estudos tomográficos anteriores na América do Sul. Para realizar nossa tomografia, detectamos e removemos dados ruidosos e problemáticos usando nosso algoritmo de múltiplos estágios antes da seleção da janelas temporais, reduzindo a probabilidade de descartar dados úteis ou assimilar formas de onda de má qualidade em inversões. Nossa função objetivo usa a exponencial complexa da fase instantânea (Yuan et al., 2020), que otimiza as informações extraídas de cada série temporal sem a necessidade de janelas de curtas. Realizamos 23 iterações, aumentando gradualmente o conteúdo da frequência dos dados para evitar que mínimos locais atrapalhassem a convergência. Nosso modelo final (SAAM23, South American Adjoint Model, iteration 23) mostra uma redução de ∼50% no resíduo total. Também mensuramos a melhora através de correlação cruzada usando 53 terremotos que não foram incluídos na inversão. Nos longos comprimentos de onda, o modelo é compatível com estudos anteriores, como Van der Lee et al. (2001), Feng et al. (2007), Celli et al. (2020) e Lei et al. (2020). A Placa de Nazca é bem imageada e aparece contínua nas profundidades de 300-500 km seguindo o segmento de placa horizontalizada sob o Peru. Abaixo da região norte da América do Sul, a placa cruza a zona de transição e mergulha no manto inferior. Na parte central e sul da América do Sul, a placa se horizontaliza perto da descontinuidade de 650 km, antes de mergulhar no manto inferior. Na plataforma estável, tanto os crátons expostos (Amazônico e São Francisco), quanto os blocos cratônicos cobertos (Paranapanema e Parnaíba, sob as bacias intracratônicas do Paraná e Parnaíba, respectivamente), apresentam altas velocidades em profundidades litosféricas. A descontinuidade sísmica que separa a litosfera da astenosfera (DLA) foi estimada através da profundidade do gradiente de velocidade negativo mais acentuado. Uma boa concordância foi encontrada entre a DLA sísmica e os valores obtidos pelas funções do receptor de onda S. No Cráton Amazônico, tanto as anomalias positivas da velocidade da onda S na litosfera, quanto a profundidade da DLA, aumentam com a idade média das províncias geocronológicas. Por outro lado, nenhuma anomalia de alta velocidade foi encontrada abaixo do Cráton do Rio de La Plata. A tese termina com a apresentação do SphGLLTools, um conjunto de rotinas de código aberto que projetamos para permitir a visualização fácil e prática de modelos tomográficos definidos em malhas de elementos espectrais usando interpolação direta ou uma expansão versátil em harmônicos esféricos, usando o GMT6 (Wessel et al., 2019) para criar imagens de alta qualidade. Também conduzimos o leitor através de uma explicação completa, porém intuitiva, da teoria e dos conceitos usados pelas rotinas.