Análise dos impactos de variabilidades de baixa frequência no Atlântico tropical e nordeste do Brasil utilizando a reanálise centenária ERA20C

Autor Enzo Pinheiro
Orientador Rosmeri Porfirio da Rocha
Tipo de programa Mestrado
Ano da defesa 2019
Palavras chave Reanálise, Variabilidade de baixa frequência, Atlântico tropical, Nordeste do Brasil
Departamento Ciências Atmosféricas
Resumo

Inicialmente o presente trabalho buscou avaliar a representação da variabilidade climática sobre o Atlântico tropical norte (ATN) associado ao El Niño – Oscilação Sul (ENSO) e a influência do fenômeno nos extremos de precipitação no Ceará, utilizando reanálises de longo período, especificamente a ERA 20C e a NOAA 20CR. Os resultados indicaram que ambas as reanálises representaram os padrões de circulação já conhecidos referentes ao impacto do ENSO sobre o Atlântico tropical de forma realista, no entanto a reanálise ERA 20C se destacou em relação ao NOAA 20CR no que concerne a representação do deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) nos anos de ocorrência do fenômeno. Posteriormente, utilizando 110 anos da reanálise ERA 20C foi avaliado como os padrões de teleconexões associados à fase negativa da Oscilação do Atlântico Norte (NAO) e ao El Niño (do Pacífico Central - El Niño PC e do Pacífico Leste - El Niño PL) modificam a circulação atmosférica e a temperatura da superfície do mar (TSM) no ATN e as chuvas no Nordeste do Brasil (NEB). Neste sentido é mostrado que os três fenômenos (NAO negativa, El Niño PL e PC), sem diferenciar as fases da Oscilação Multidecadal do Atlântico (AMO), estão associados ao enfraquecimento da alta subtropical do Atlântico Norte, e ao desenvolvimento de anomalias de vento de sul próximas ao equador que resultam no aquecimento das águas de todo o ATN do verão ao outono. Porém, os impactos desses fenômenos de baixa frequência são diferentes quando é feita a diferenciação das fases da AMO. Assim, a combinação NAO e AMO simultaneamente negativas resulta em fracas anomalias de vento de oeste (entre 10°-20°N) e não são notadas anomalias de sul próximas ao equador como ocorre quando não há diferenciação entre as fases da AMO. Assim, anomalias positivas de TSM ocorrem somente ao norte de 10°N, e as condições de chuva no NEB ficam próximas da neutralidade. A NAO negativa e o El Niño PC, cada um combinado com a fase positiva da AMO, resultam em anomalias de vento de oeste (entre 10-20°N) e de sul (entre 0-10°N), maiores do que quando não há separação das fases da AMO. Também é notado um maior aquecimento anômalo das águas no ATN, resultando em chuvas abaixo da média no norte do NEB. O El Niño PL, independente das fases da AMO, está associado à intensas anomalias de vento de oeste (entre 10-20°N) e de sul (entre 0-10°N) resultando também em intensas anomalias positivas de TSM no ATN. Esse fenômeno é o principal modulador de precipitação no norte do NEB, estando ligado à condições de seca tanto na fase negativa como na fase positiva da AMO. Por último, a combinação do El Niño PC com a AMO negativa está associado à fracas anomalias de vento de oeste (entre 10-20°N) e não são observadas anomalias de vento de sul próximas ao equador. As anomalias positivas de TSM se concentram ao norte de 10°N e no NEB são observadas em geral chuva acima da média.

 

Anexo d_enzo_pinheiro_corrigida.pdf